segunda-feira, 28 de maio de 2018

Expedição ao Deserto do Atacama


Sempre tive vontade de fazer uma grande viagem para o Deserto de Atacama. Quando me deparava com o relato de alguém que havia feito de moto ou carro prestava muita atenção e absorvia o máximo de informações possíveis, li muito nos livros e revistas e conversando com os próprios amigos o sonho de chegar até lá de moto ficava cada vez maior. Então, para o ano de 2018 decidi que em Dezembro precisava realizá-lo. Porém, em virtude de um contratempo, minhas férias foram antecipadas para o mês de Maio, putz, e agora?!... Pensei, fiz várias contas para ver se a grana seria o suficiente e não é que deu certo! Uhuul... Muitos falaram, “mas vai sozinho?” “é perigoso”, “é muito longe”, “não tem medo?”... Enfim, precisava fazer e estava decidido, vou sozinho, mas sempre acompanhado por Deus e Nossa Senhora. Comprei alguns equipamentos que faltavam, organizei os documentos necessários e no dia 06 de Maio iniciei a realização de mais um sonho.

06/05/2018
Capinzal X São Miguel D Oeste

Como de costume, quem consegue dormir direito na noite anterior a viagem? Eu não... Adrenalina estava a mil, levantei, organizei as coisas na moto, e chegou a hora das despedidas... Em seguida foi dada a largada.

Até São Miguel caminho bem familiar, meus amigos já aguardavam minha chegada com um churrasco especial. Na parte da tarde fui com o Marcos até Bernardo de Irigoyen fazer a Carta Verde(seguro) e cambiar um pouco de pesos para adiantar a entrada na Argentina no dia seguinte.

07/05/2018
São Miguel D Oeste (Brasil) X Presidencia Roque Saenz Peña (Argentina)

No dia de hoje faria boa parte de um caminho também já conhecido, mas resolvi entrar na Argentina por Paraíso seguindo até San Pedro descendo pela RN14 até a cidade de Oberá, mudando para a RN12 em Santa Ana próximo de San Ignacio onde se encontra as Ruínas Jesuítas de San Ignacio, a qual tive a oportunidade de ter conhecido no feriado de carnaval de 2015 quando fui para Posadas. Viagem tranqüila e com clima agradável até aqui, mas ao chegar a Corrientes...

Pensem no calor para atravessar a cidade. Já tinha ouvido relatos de que as motos têm que seguir pela via lateral e não pela RN16, e realmente constatei que nenhuma estava andando pela principal.
Iniciava a partir de agora a Provincia Del Chaco, com aquele solão bem em cheio no meu rosto, cheguei à Presidencia Roque Saenz Peña às 17h e 30min, completei o tanque de combustível para o dia seguinte, e fiz contato com Marcos que mora nessa cidade, queria a indicação de um hotel para passar a noite, mas não teve jeito, pois o Marcos fez questão de me receber em sua casa onde já se encontravam mais dois motociclistas, Paulo que mora em São Paulo e André do Rio de Janeiro, na verdade já sabia que eles estariam ali, pois participamos do mesmo grupo do WhatsApp (risos). Após tudo organizado saímos para fazer um Choripán (pão com Lingüiça), compramos os ingredientes no mercado, umas cervejas Quilmes e a festa estava feita...


Tudo muito bom, principalmente as conversas, onde podemos falar muito sobre viagens, de moto é claro.

Marcos e sua esposa foram muito atenciosos com todos nós, mais uma grande amizade através do motociclismo, meu muito obrigado pela acolhida em sua casa.

08/05/2018
Presidencia Roque Saenz Peña X Termas de Rio Hondo

Na manhã seguinte, fomos juntos até o hotel para encontrar com os dois casais que viajavam junto com Paulo e André, já na RN16 nos despedimos e seguimos viagem juntos por uns 35 quilômetros até Avia Terai, onde eles seguiriam para Salta e eu solo até Rio Hondo. Ao longo do caminho chuva...


 baah, colocar capa de chuva é um saco, mas faz parte. Segui com chuva até próximo ao destino do dia, cheguei cedo à cidade, também, praticamente não existe curva nessa estrada e o trânsito é super tranqüilo. Consegui um hotel sem nada de luxo, afinal é só uma noite para dormir, tendo um banho quente, uma cama e garagem fechada é o suficiente.
Depois de um bom banho fui conhecer o Museo Del Automovil e o Autodromo International. Top da galáxia, quem gosta de estar ao meio de carros e motos se transforma em criança nesse lugar, belas máquinas, raridades e muito luxo, uma pena não ter nenhuma moto correndo enquanto estava lá, mas tinha um piloto de Stop Car treinando, o roço do motor parece música nessa hora.

No térreo o salão principal, onde capacetes originais de diferentes competidores, como Valentino Rossi, são expostos em estojos de vidro. As roupas dos representantes argentinos do Dakar, também estão em exibição. 

No primeiro andar, a Classic Motorcycles é a atração principal, com referências como Harley Davidson, Ducati, Puma, Indian, etc., com modelos que vão de 1906 a 2013. Um bar temático com uma magnífica coleção de carros e uma vista maravilhosa do reservatório do Rio Hondo, também fica no primeiro andar.


O segundo e terceiro andar são dedicados ao setor de palco, com uma visão única e exclusiva do circuito internacional.
A vontade era de ficar ali, mas precisava voltar à realidade, então voltei para o hotel jantar e descansar para o dia seguinte.

09/05/2018
Termas de Rio Hondo X Salta

O dia nem havia clareado e já estava seguindo para Salta, via Tafí Del Valle e Cafayate. No primeiro planejamento do roteiro seria pelo RN16 mas muitos amigos e até mesmo em pesquisas pelo Facebook recebi a indicação de ir por essa região que foi a melhor escolha pelas belas paisagens, pelo chaco seria um retão só, para quem tiver um ou dois dias a mais na viagem recomendo fazer o roteiro que fiz, vale a pena.
Antes de chegar a Tafí Del Valle tem uma subida em meio a Reserva Provincial Los Sosa  com muitas curvas em meio à mata, estrada encantadora onde você vai andar muito devagar devido às subidas e a paisagem incrível. O percurso é pavimentado, porém, estreito e a condição de seu pavimento tem setores bastante articulados, pouca sinalização e algum tráfego.

Em meio à subida você vai encontrar a figura do Monumento ao Índio, obra do artista tucumano Juan Carlos Iramain. Este lugar é um albergue, onde podemos comprar artesanato, têxteis e produtos regionais, um pouco de comida para passar e a foto de recordação inevitável do monumento, cercado por densa floresta verde.
O mais incrível acontece e do nada você sai da mata verde para o deserto. Sim, é muito interessante, em questão de poucos quilômetros antes de chegar a La Angostura o que era verde passa a ser terra, pedras e uma vegetação rasteira, em poucos minutos encontra-se Tafí Del Vale que está localizada praticamente no centro do belo vale de Tafí.


Parei fazer algumas fotos, abastecer a moto e comer algo. Seguindo pela estrada, mais paisagens incríveis, muitos cactos.
Já na RN40 a uns 3 quilômetros ao norte está a entrada para as Ruinas de Quilmes. As ruínas de Quilmes, como são conhecidas, pertenciam aos indígenas Calchaquí que se estabeleceram nas encostas e na cordilheira chamada Calchaquí, de onde as tribos receberam o nome.

Nessa visita você poderá ver o museu com equipamentos, ferramentas, armas, poderá ouvir toda a história, ao sair do museu seguirá até as ruínas, e se tiver tempo suba até o topo da montanha, aposto que a vista será demais.
Saindo de Quilmes segui para Cafayate, pelo caminho muitos parreirais de uvas, abastecimento e um lanhe na cidade. A estrada até Salta segue através da Quebrada de Cafayate, uma paisagem selvagem de arenito multicolorido e formações rochosas sobrenaturais. Esculpido pelo Rio de las Conchas, os estratos sedimentares torcidos do cânion exibem uma impressionante variedade de tons, desde o vermelho ao verde.
Chegando a Salta conversei com o André e o Paulo que ainda estavam em Salta, mandaram a localização e fui encontrar com eles. O hotel ficou para a próxima, estávamos nós juntos novamente, desta vez na casa de Tavo, mais um amigo que o motociclismo proporcionou. Noite top, o pai de Tavo, Sr. Hector, assou um cordeiro no forno de graveto para a janta, algumas cervejas e muitas histórias.


Durante as conversas mudança nos meus planos, eles seguiriam até San Pedro de Atacama pelo Paso Jama e eu pelo Paso Sico. Com as informações e dicas de Tavo e seu pai, referente as dificuldade no Paso Sico por se tratar de estrada de terra e também pelo convite feio por André e Paulo, resolvi seguir com eles no dia seguinte. Ao novo amigo Tavo e sua família meu muito obrigado pela acolhida em sua casa.

10/05/2018
Salta X Susques

Amanheceu um belo dia em Salta, despedida de Tavo e família, e assim que Marcos que é irmão gêmeo do André, sua esposa Mariane, Preto e sua esposa Dani  chegaram do hotel que estavam hospedados pegamos nossas motos e seguimos viagem, a primeira intenção era o caminho pela RN9, mas por um pequeno descuido do André acabamos fazendo outro, amigos já haviam me falado que a Ruta 9 é muito linda, pelas paisagens e suas curvas... Depois de San Salvador de Jujuy paramos em um Mirador (mirante) para fazer algumas fotos, nossa próxima parada foi em Tilcara, 22 quilômetros para frente da entrada de Purmamarca, fomos até lá abastecer as motos, almoçar e conhecer a cidade. Retornamos e paramos para conhecer Purmamarca, andamos pelo comércio local, fizemos fotos pelas ruas e compras para recordações. Purmamarca é considerada uma das cidades mais dignas de cartão postal da Argentina, localizada na província de Jujuy, ao norte de Salta, sob as sombras do espetacular Cerro de los Siete Colores. O cenário de colinas irregulares exibindo camadas de vermelho, roxo, amarelo e laranja contribui para uma visão incrível.

Nosso objetivo agora era Susques. Já na subida do Paso Jama conhecido também como Cuesta de Lipán, foi inevitável a parada para tirar as tradicionais fotos em suas lindas curvas. Uma grandiosa subida, cuidado que algumas curvas estavam sem asfalto, ao menos agora, pegando a gente de surpresa, muitas pedras soltas podendo causar uma queda. Localizado nos Andes entre o Chile e a Argentina, é a fronteira mais ao norte entre os dois países com altitude de 4.320m acima do nível do mar. No lado chileno, a estrada alcança uma altitude de 4.810m, fiz até uma foto do GPS. Parada obrigatória na Salina Grande para mais fotos.


Em Susques, entramos no povoado procurar um hotel para passar a noite que já se aproximava, cada vez mais fria. Já no primeiro, interditado por falta de água, estavam fazendo manutenção na rede de água da cidade, procuramos em outro e nada também. Fomos então até a Hostería Pastos Chicos que é um hostel para frente uns 4 km, tem ali um posto de combustível também. Organizamos nossas coisas no quarto, banho, janta e descansar para o dia seguinte, que seria o grande dia da chegada em San Pedro de Atacama.

11/05/2018
Susques (Argentina) X San Pedro de Atacama (Chile)

Amanheceu e aquele frio de menos 5 graus, baah, vai ser de congelar as orelhas (risos). Motos abastecidas, nós também com um bom desayuno, café da manhã servido pelo hostel. Após alguns quilômetros as mãos e pés já estavam um picolé de gelados, no corpo tranqüilo devido às roupas térmicas, à medida que seguíamos mais elevado a altitude ficava chegando aos 4.831 como pude registrar.

Na aduana tudo tranqüilo, fizemos os trâmites legais e continuamos a viagem, parada na divisa dos países para umas fotos, cada vez mais próximo de realizar mais um sonho, chegar no Atacama de moto, um já havia realizado que era chegar ao Fim do mundo (Ushuaia) oportunidade que tive em 2013.

E a tão esperada hora chegou, mais uma conquista e muitas historias para contar, a emoção e felicidade dentro do capacete são indescritíveis.


San Pedro de Atacama é uma cidade praticamente toda voltada para o turismo, então você encontra opções de hospedagem para todos os bolsos e gostos, fiquei hospedado por 3 dias juntamente com os amigos do Rio e São Paulo no Hostal Cruz de Atacama, rua Toconao com a Caracoles, sem nada de luxo, mas pelo preço de 8.000 mil pesos por dia estava super tranqüilo. É aqui em San Pedro que estão as agências de turismo de onde saem os passeios para visitar o Deserto do Atacama, existem também diversas casas de câmbio na rua Toconao, o melhor que consegui foi na La LLamita, indicação de um Brasileiro que trabalha em San Pedro.
Bom, já tínhamos um hotel, banho e roupas trocadas, câmbio feito, partimos almoçar e passear pelas ruas da cidade.

A igreja é muito legal, toda rebocada com a argila exposta e seu teto com madeira de cacto e couro de lhama, no lugar de pregos. A Igreja está na praça, que em minha opinião é o lugar mais agradável para passar o tempo, onde se pode descansar à sombra das inúmeras árvores que lá se encontram, no intervalo entre um passeio e outro, a cidade tem a cor do chão onde se pisa totalmente rústica. À noite também fomos caminhar pelas ruas e lojas, muitas lojas, depois descansar.

12/05/2018
San Pedro de Atacama

Hoje foi o dia de ir conhecer as Lagunas Altiplânicas, na Reserva Nacional Los Flamencos, que incluem as Lagoas Miscanti, Miñiques acima de 4 mil metros de altitude, não é à toa que as Lagunas do Altiplano Sul estejam entre os principais cartões-postais do Atacama, localizada uns 115 quilômetros de San Pedro. Saí às 8 da manhã, não contratei esse passeio, fui de moto, o próprio caminho até lá é lindo, o bom de ir de moto foi à liberdade para parar a qualquer momento, fazer fotos e apreciar o lugar.

A primeira parada foi na placa que marca a linha imaginária do paralelo do Trópico de Capricórnio que fica a sudeste do Salar de Atacama, seguindo o passeio você vai passar pelos Povoados de Toconao e Socaire. O acesso para as lagunas é 6 quilômetros de estrada de terra/areia em bom estado de conservação.
Para ingressar paguei 3 mil pesos chilenos, equivalente a 18 reais no dia.
Quando chega ao topo da montanha você já avista aquela paisagem ainda mais linda, tive muita sorte, pois não tinha vento para transformar um magnífico espelho d’água, um espetáculo de visual e muitas cores.


As Lagunas Altiplânicas  ficam na base dos vulcões de mesmo nome, surgiram com a erupção do vulcão Miñiques, causou o estancamento das águas que se moviam do topo do vulcão para a sua base, formando os dois lagos na base dos vulcões. O resultado deste fenômeno é uma das paisagens que poderão apreciar pelas fotos, mas é claro que sugiro que façam essa viagem para conhecer pessoalmente. Retornei para San Pedro por volta das 14 horas.
Depois de almoçar fui com o Preto até as Termas de Puritama, fomos até lá pensando que iríamos encontrar com os demais que haviam saído sem destino, claro que nossa intenção também era aproveitar para conhecer o lugar e relaxar um pouco nas piscinas naturais. Para chegar até as termas são cerca de 30 quilômetros de estrada de terra batida, estrada ótima, na portaria perguntamos se nossos amigos estavam por lá, mas não tinha entrado nenhuma moto segundo a recepcionista, pensamos em entrar assim mesmo, detalhe que no sábado e domingo custa 15 mil pesos (100 reais) e durante a semana 9 mil (50 reais), retornamos para San Pedro e ficamos passeando pelas ruas e lojas, aproveitamos e fechamos nosso passeio aos Geysers del tatio com a empresa Leni's Tours no valor de 15 mil pesos (100 reais) foi o mais em conta que conseguimos e valeu a pena! Logo fomos descansar para acordar próximo às 5 horas da manhã.

13/05/2018
San Pedro de Atacama

Acordar de madrugada e com um baita frio não é fácil, nosso passeio para os Geysers saiu às 5 horas, a empresa contratada passou pegar na porta do hotel, demora em torno de 1 hora o deslocamento, localizado 90 quilômetros de San Pedro,  quase na divisa com a Bolívia numa altitude acima dos 4.300 metros. Nosso guia Carlos passou as instruções em espanhol e inglês. A entrada custou 10 mil pesos (60 reais), ou seja, entre o tour e a entrada custaram uns 160 reais, na entrada do campo geotérmico há um termômetro. No dia em que fomos marcava 14 graus abaixo de zero. No inverno pode chegar a 30 graus negativos. Pensa que coisa doida estar no meio de um vulcão.


O fenômeno começa bem cedo, mais ou menos às 6h da manhã. Enormes fumarolas escapam através de buracos e fendas no solo. Lençóis subterrâneos de água entram em contato com rochas quentes, provocando pequenas explosões.
Quarenta minutos após a nossa chegada, nosso guia preparou o café da manhã, servido ali mesmo. Em seguida, quem quiser pode ir para uma piscina termal que fica no próprio campo geotérmico, a água brota da terra entre 40 e 50 graus é incrível. Não me encorajei entrar na água, sem contar que pelo frio que estava de madrugada fui com a roupa que uso para as viagens de moto, super grossa.
Seguindo nosso tour o guia parou a van no lado da estrada, todos desceram e ele levou até umas plantas para fazer explicações, a Llareta, planta típica do deserto utilizada para fins medicinais. Estima-se que essa planta cresça aproximadamente 1,5 centímetros por ano. Segundo Carlos, está protegida por estar em extinção por ser colhida como combustível pela sua forte resina inflamável. A outra que acabei esquecendo o nome, mas vou descobrir e atualizar a postagem é para inalar, esmagando as folhas na mão e sentindo o cheiro dela profundamente alivia os males da altitude, dando uma sensação de refrescância até no cérebro de tão bom que é.

Mais adiante paramos no Vado del Río Putana, onde podemos ver vicunãs e muitas aves locais vivendo tranquilamente, uma linda vista da Cordilheira dos Andes e dos vulcões Putana, Curiquinca, Colorado, Escalante e Sairécabur. O vulcão Putana é a divisa entre o Chile e a Bolívia e é um vulcão em atividade constante, tanto que podemos observar fumaça saindo dele.

Próxima parada foi no Pueblo de Machuca, povoado pequeno e uma igrejinha que chama muito atenção, apesar do ambiente todo rústico do povoado, todas as casas possuem um moderno sistema de aquecimento solar. A principal atividade dos habitantes de Machuca é o pastoreio de lhamas e o cuidado deles. Devido ao grande potencial turístico estão participando das atividades com artesanato próprio do local. Além disso, você pode experimentar alguns deliciosos espetinhos de carne de lhama, alpaca e empanadas.
Chegamos em San Pedro por volta de 13 horas, esse tour valeu a vinda ao Atacama, foi uma incrível experiência, muita cultura e paisagens magníficas. Depois do almoço com o pessoal, ficamos pela praça da cidade, pelas lojas e depois voltamos para o hotel descansar.
No final do dia fomos ver o por do sol no Ojos del Salar, duas lagoas azuis de água doce no meio do Salar de Atacama. Aqui os viajantes também podem tomar um banho.


Los Ojos del Salar é um destino imperdível para quem visita o Deserto do Atacama. Cerca de 30 quilômetros ao sul de San Pedro de Atacama, ao longo da rota 23, localizada na parte norte do Salar. As estradas são de terra/areia, mas estão em boas condições.

14/05/2018
San Pedro de Atacama X Copiapó

Infelizmente hoje foi dia de despedida de San Pedro, por volta de 8 horas da manhã saímos para o primeiro destino do dia, Antofagasta,clima não tão frio e estrada sempre ótima, viagem rendeu até Calama, onde o maninho Paulo seguiu para Arica, nós continuamos até o próximo posto de combustível que fica no encontro da ruta 25 com a 5 conhecida também como estrada Panamericana do Chile, depois das motos abastecidas me despedi dos amigos que de Antofagasta para frente seguiram para o Peru e eu para Copiapó. Foi uma alegria compartilhar praticamente uma semana de viagem com vocês. Paulo, Antonio e Dani de São Paulo, André, Marcos e Mariane do Rio de Janeiro. Se a gente tivesse combinado de fazer parte dessa viagem juntos não teria dado tão certo com deu, obrigado meus novos irmãos.
A partir daqui segui meu retorno até em casa na companhia apenas de Deus e Nossa Senhora. Inicialmente meu planejamento era dormir uma noite em Antofagasta, mas como cheguei bem cedo, fui conhecer pessoalmente e claro fazer o registro fotográfico até então visto em fotos de amigos moto viageiros a La Portada.

Esculpida pelo vento e pelo mar durante milhares de anos, este arco, enorme, mesmo quando é visto da costa, mostra como um enorme penhasco foi esculpido pelo vento e bravura do Oceano Pacífico, com sua cor azul e sua espuma branca. Para chegar a este lugar, é necessário deixar a cidade de Antofagasta em direção ao norte e, depois de percorrer quase vinte quilômetros, acessar a área pela estrada que une as cidades de Antofagasta e Tocopilla.
Retornei para a ruta 5 ao em vez de seguir pela cidade, resolvi evitar o trânsito, muito movimento pela cidade, Antofagasta além de vários atrativos e pontos turísticos é uma cidade portuária. Após andar mais ou menos 1 hora, avisto no lado direito da estrada sentido sul do Chile a tão falada La Mano Del Desierto, ou a mão do deserto.

Mano del Desierto é uma obra de arte, construída em ferro, areia e cimento, fiz algumas fotos, conversei com várias pessoas que ali estavam, inclusive uma família de brasileiros vindo de São Paulo, aliás, brasileiro é o que não falta viajando por lá.
Às 14 horas segui viagem, no caminho ainda estava pensando se conseguiria chegar até Copiapó, não queria chegar à noite, complicado procurar hotel. Uma coisa que observei nas longas retas da Panamericana é que existem muitos veículos abandonados após acidentes, jogados a beira da pista, batido, queimados, até ônibus e caminhão tinha, não sei se é alguma forma de conscientização ou o que, mas me senti meio desconfortável.
Já na chegada de Chañaral muitas montanhas com uma espécie de trilhos em tons escuros, como se fosse um caminho de alguma espécie de animal ou inseto, bem interessante. Na cidade fui parado pela polícia, estavam com radar móvel, apenas pediu documento da moto e minha habilitação, em nenhum momento da viagem pediram carta verde e o Soapex. Aproveitei que já tinha tirado as luvas e balaclava para abastecer em um posto próximo que fui parado. Chañaral é uma pequena cidade costeira na região de Atacama, como já era final de tarde, tive o privilégio de observar o pôr do sol no oceano pacífico, incrível.


Chegando em Copiapó, já deixei o tanque da moto e galão de combustível reserva cheio para o dia seguinte e fui procurar um lugar para dormir. Uma coisa estranha que observei é que não tem estacionamento nas ruas por lá, tive sorte nessa noite, aguardando no semáforo, parou ao lado uma moto de viagem, uma Super Ténéré, aproveitei e pedi informações de um hotel. Rene foi muito prestativo simplesmente pediu para segui-lo me deixando em frete um Residencial. Após conversar um pouco e trocar os contatos com ele guardei a moto, tomei banho e fui jantar em um restaurante ao lado, depois retornei descansar para seguir viagem na manhã seguinte.

15/05/2018
Copiapó (Chile) X Aimogasta (Argentina)

Acordei cedo, arrumei as coisas na moto e acelerei para o Paso San Francisco, optei por esse caminho devido estar sozinho, com a moto mais leve, afinal seriam mais de 200 quilômetros de estrada de terra, e 470 quilômetros sem posto de combustível. Muitos amigos haviam me dito que esse Paso era muito bonito, o que tive o prazer de conferir pessoalmente nessa viagem. O Paso de San Francisco interliga as cidades de Copiapó, no Chile, à cidade de Fiambalá, na Argentina, altitude acima dos 4.700 metros, não tive problemas tendo em vista que meu organismo já estava acostumado por ter ficado bastante tempo entre 2 e 4 mil metros de altitude.
Logo nos primeiros quilômetros o cenário muda completamente, a civilização desaparece dando lugar para paisagens e montanhas imensas da Cordilheira dos Andes, sempre andando bem devagar para contemplar a paisagem, subindo ininterruptamente.


Pelo caminho já acima dos 4 mil metros, bastante neve pelas montanhas e na lateral da estrada, ao lado da aduna chilena o Salar de Maricunga, expondo sua beleza. Trâmites de saída do Chile ok, seguindo agora pelo caminho asfaltado, cerca de uns 80 a 90 quilômetros onde se termina dando lugar novamente para o Ripio. Agora um pouco ruim, com muita pedra solta e costeletas de vacas (ondulações), sem contar com os bancos de areia que vão se formando com a passagem de carros ou com o próprio vento.

Ainda no lado chileno, encontra-se, se não a mais bonita, uma das mais bonitas lagunas altiplânicas de toda a Cordilheira dos Andes, a Laguna Verde. Além de sua beleza cênica, o que mais impressionou foi ver uma laguna tão magnífica e nenhum turista, tirando eu é claro. Senti-me uma formiga perto de um elefante nesse lugar, aqui sim você consegue sentir o quanto somos pequenos em meio tantas montanhas e vulcões.

O mais impressionante foi que ao cruzar o limite de fronteira do Chile para Argentina a paisagem mudou completamente novamente. Parece que a natureza identifica os limites fronteiriços e cria cenários distintos de um lado e do outro. No lado Argentino predominam as Punas, a vegetação rasteira característica dos altiplanos andinos, parece um tapete amarelo revestindo as montanhas.


Após fazer a entrada na aduana argentina, consegui mais 5 litros de gasolina com um senhor que tem uns galões de 200 litros para vender, basta pedir para o guarda que ele chama o senhor.
No lado chileno a gente só sobe as montanhas, já no lado argentino as descidas eram intermináveis, com muitos animais que praticamente ficam camuflados em meio às punas. Antes de chegar à cidade de Fiambalá, a aproximadamente 1.500 metros acima do nível do mar, a estrada passa por dentro de vales, parecendo um desfiladeiro, visão incrível. No meio do caminho coloquei a gasolina reserva, foi tranqüilo abastecer, acabou em um lugar aberto e o vento não ajudou muito, sorte que esse galão tem a ponteira apropriada para colocar dentro do tanque, tudo certo e a viagem segue.
Em Fiambalá fiz um lanche no posto, completei o tanque de combustível e continuei até Aimogasta. Queria ir até La Rioja, mas demorei muito para atravessar o San Francisco, a estrada é muito bonita se faz muitas paradas para tirar fotos e observar a paisagem, sem contar que a maior parte é sem asfalto. Aqui também tive o auxilio de um senhor para indicação de um lugar para passar a noite. Estava eu na conveniência do posto, chega esse senhor de nome  Eduardo e fala: “muy hermosa la moto!” E começamos conversar até que ele fala que tem uma Africa Twin 2017 com câmbio automático, assim a conversa fluiu ainda mais.  Assim como o Rene me deixou na porta de um hotel, indicou melhor caminho para Córdoba e nos despedimos. Como o dia foi cansativo tomei um banho, bebi uma cerveja, conversei com a família e fui dormir.

16/05/2018
Aimogasta X Santa Fé

Vocês devem estar pensando, mas está de moto ou avião para andar tanto assim em um dia... (risos). Eu ficaria pela argentina até sábado, mas consegui ganhar tempo nos últimos 2 dias, graça as ótimas estradas e trechos sem muitas paradas. Queria chegar ao Rio Grande do Sul a tempo de passar no encontro de motos organizado pelo moto grupo Bicho Véio de Soledade.

Segui o caminho indicado pelo Eduardo, RN38 onde pude passar por uma bela estrada, no Valle Hermoso entrei à esquerda seguindo pelo Camino Del Cuadrado, uma serrinha toda curvada, com uma bela visão da Reserva Municipal Hidrica Recreativa Natural Los Quebrachitos. Esse caminho além de bonito desvia toda a grandiosa cidade de Córdoba. Já na RN19 sentido Santa Fé minha moto arredondou seus 80 mil quilômetros, isso desde setembro de 2012 quando comprei-a nova, a branquinha segue firme e forte. Em Santa Fé procurando por um hotel um taxista perguntou se eu estava perdido, expliquei que procurava algo para passar a noite, nada muito caro. Interessante como nossos hermanos são prestativos, o cara disse para seguir ele, parando na porta de um hotel, entreguei um adesivo meu para ele e fui fazer o check-in. Depois de arrumar as coisas no quarto, fui regular a corrente que estava um pouco frouxa e também lubrificar para o dia seguinte. Comprei algo para comer, depois de  tomar um banho relaxante e conversar com a família, programei o despertador e desmaiei.

17/05/2018
Santa Fé (Argentina) X Ijuí (Brasil)

Hoje acordei mais tarde, já estava próximo dos 650 quilômetros do Brasil. Saí quase 9 horas do hotel e fui sentido ao Túnel Subfluvial que liga as cidades de Santa Fé e Paraná.

O túnel tem um comprimento superior aos 2 quilômetros, com as rampas de acesso dá um total aproximado de 3.500 metros, uma sensação muito estranha trafegar por ele, em vez de uma ponte por cima do rio você passa por baixo dele. Sentindo Federal pela RN127 fui parado em um posto de controle da polícia, pensei comigo, pronto lá vem as propinas, um amigo tinha me alertado de não ir pela 127 que eram bem chatos, mas fiz a viagem toda com a câmera Gopro no capacete, isso ajuda bastante pois pensam que a gente pode estar filmando, o guarda me olhou, pediu de onde estava vindo e mandou seguir viagem, nem os documento pediu. Quanto essa rodovia, foi a pior que andei em toda Argentina e Chile, não tem muitos buracos, mas é cheia de ondulações.
Em Santo Tomé, já na aduana, fiz câmbio dos pesos que sobraram e os trâmites de saída da Argentina sem muita burocracia, tudo muito rápido. Quando passei São Borja e entrei na BR285 realmente cheguei no Brasil... (risos). Ooh estradinha complicada para andar. Pior que a gente acaba acostumando andar em ótimas estradas, admiro muito as do Chile e Argentina, todas em perfeitas condições.

Cheguei à casa dos amigos Gisa e Amauri próximo às 19 horas. Bebemos umas 3 garrafas de vinho comendo pizza e conversando, muito assunto para por em dia.





18/05/2018
Ijuí X Soledade

E a sexta-feira amanhece chuvosa, e bota chuva nisso, Gisa e Amauri foram trabalhar, aproveitei para descansar, dormi quase até meio dia, (risos). Será que dorme? Depois do almoço fiquei junto com eles na loja até final da tarde, choveu o dia todo. Ainda com chuva, já era noite, fomos juntos para Soledade prestigiar a festa do Bicho Véio.
Na recepção vários amigos, esse encontro de moto é o único evento aberto ao público que tenho participado nos últimos anos, motivo pelo qual reencontro muitos amigos de todos os estados do Brasil e até mesmo dos países vizinhos. Noite adentro várias bandas fazendo suas apresentações, uma ótima infra-estrutura no Parque de Eventos Centenário Rui Ortiz.

19/05/2018
Soledade

Apesar de ir dormir depois das 4 horas da manhã o sábado começou cedo, como fiquei na casa dos amigos Deise e Piti, umas 9 horas já estava no evento. Afinal, eles estão sempre envolvidos na organização, aproveitei para fazer registros fotográficos para o encontro, também ajudando na entrega dos troféus aos motos grupos escritos. Este ano a chuva atrapalhou um pouco, mas a festa foi um sucesso como todos os anos. Como falei anteriormente, nesse evento encontro muitos amigos, inclusive encontrei com o argentino Marcos e sua esposa que me receberam em Presidencia Roque Saenz Peña. Também com outros amigos até então virtuais, que mantenho contato pelo Facebook.



20/05/2018
Soledade X Capinzal

E hoje é chegada a hora, após 15 dias de viagem, saí de Soledade depois das 14 horas, e com 7.058 quilômetros rodados cheguei em casa final da tarde.



Primeiramente gostaria de agradecer Deus e Nossa Senhora pela proteção e oportunidade de realizar mais um sonho. Agradecer também toda minha família e amigos pelas energias positivas para que tudo desse certo. 
Mais fotos serão postadas na Fanpage: Lovatel Moto Viagens

Muito obrigado!!

8 comentários:

Cicero Paes disse...

Muito bom Lovatel !
Um excelente relato que, certamente, contribui aos pretendentes de algo similar.

Edson Maschio disse...

Parabéns, show! Abraço

Lunardi disse...

Parabéns maninho ppr mais essa conquista!! Moto abraço!

Unknown disse...

Parabéns meu amigo Lovatel!, ler seu relato é como estar na sua garupa durante este lindo passeio. Valeu grande abraço!!!

Juliano disse...

Show de bola... inspiração para a próxima viagem!!! Abraço

Ricardo Rauen disse...

Valeu Lovatel.
Esse roteiro é realmente muito bonito.
Parabéns pela viagem que, pelo relato, foi só alegria.
Um abraço!

Lovatel Moto Viagens disse...

Muito obrigado pessoal. Foi uma viagem sensacional, tudo dentro do planejado. Lugares maravilhosos, muita história e cultura em poucos dias. Mato a pau. Abraços.

Unknown disse...

Parabéns.. Q viagem boa!
Certamente, uma inspiração pra mim e para outros amantes das duas rodas!