Sempre tive
vontade de fazer uma grande viagem para o Deserto de Atacama. Quando me
deparava com o relato de alguém que havia feito de moto ou carro prestava muita
atenção e absorvia o máximo de informações possíveis, li muito nos livros e
revistas e conversando com os próprios amigos o sonho de chegar até lá de moto
ficava cada vez maior. Então, para o ano de 2018 decidi que em Dezembro precisava
realizá-lo. Porém, em virtude de um contratempo, minhas férias foram antecipadas
para o mês de Maio, putz, e agora?!... Pensei, fiz várias contas para ver se a
grana seria o suficiente e não é que deu certo! Uhuul... Muitos falaram, “mas
vai sozinho?” “é perigoso”, “é muito longe”, “não tem medo?”... Enfim,
precisava fazer e estava decidido, vou sozinho, mas sempre acompanhado por Deus
e Nossa Senhora. Comprei alguns equipamentos que faltavam, organizei os
documentos necessários e no dia 06 de Maio iniciei a realização de mais um
sonho.
06/05/2018
Capinzal X São Miguel D
Oeste
Como de costume, quem consegue
dormir direito na noite anterior a viagem? Eu não... Adrenalina estava a mil,
levantei, organizei as coisas na moto, e chegou a hora das despedidas... Em
seguida foi dada a largada.
Até São Miguel caminho bem familiar, meus amigos já
aguardavam minha chegada com um churrasco especial. Na parte da tarde fui com o
Marcos até Bernardo de Irigoyen fazer a Carta Verde(seguro) e cambiar um pouco
de pesos para adiantar a entrada na Argentina no dia seguinte.
07/05/2018
São Miguel D Oeste
(Brasil) X Presidencia Roque Saenz Peña (Argentina)
No dia de hoje faria boa parte de
um caminho também já conhecido, mas resolvi entrar na Argentina por Paraíso
seguindo até San Pedro descendo pela RN14 até a cidade de Oberá, mudando para a
RN12 em Santa Ana próximo de San Ignacio onde se encontra as Ruínas Jesuítas de
San Ignacio, a qual tive a oportunidade de ter conhecido no feriado
de carnaval de 2015 quando fui para Posadas. Viagem tranqüila e com clima
agradável até aqui, mas ao chegar a Corrientes...
Pensem no calor para
atravessar a cidade. Já tinha ouvido relatos de que as motos têm que seguir
pela via lateral e não pela RN16, e realmente constatei que nenhuma estava
andando pela principal.
Iniciava a partir de agora a Provincia
Del Chaco, com aquele solão bem em cheio no meu rosto, cheguei à Presidencia
Roque Saenz Peña às 17h e 30min, completei o tanque de combustível para o dia
seguinte, e fiz contato com Marcos que mora nessa cidade, queria a indicação de
um hotel para passar a noite, mas não teve jeito, pois o Marcos fez questão de
me receber em sua casa onde já se encontravam mais dois motociclistas, Paulo
que mora em São Paulo e André do Rio de Janeiro, na verdade já sabia que eles
estariam ali, pois participamos do mesmo grupo do WhatsApp (risos). Após tudo
organizado saímos para fazer um Choripán (pão com Lingüiça), compramos os
ingredientes no mercado, umas cervejas Quilmes e a festa estava feita...
Tudo
muito bom, principalmente as conversas, onde podemos falar muito sobre viagens, de moto é claro.
Marcos e sua esposa foram muito atenciosos com todos nós, mais
uma grande amizade através do motociclismo, meu muito obrigado pela acolhida em
sua casa.
08/05/2018
Presidencia Roque Saenz
Peña X Termas de Rio Hondo
Na manhã seguinte, fomos juntos até
o hotel para encontrar com os dois casais que viajavam junto com Paulo e André,
já na RN16 nos despedimos e seguimos viagem juntos por uns 35 quilômetros até
Avia Terai, onde eles seguiriam para Salta e eu solo até Rio Hondo. Ao longo do
caminho chuva...
baah, colocar capa de chuva é um saco, mas faz parte. Segui
com chuva até próximo ao destino do dia, cheguei cedo à cidade, também, praticamente
não existe curva nessa estrada e o trânsito é super tranqüilo. Consegui um
hotel sem nada de luxo, afinal é só uma noite para dormir, tendo um banho
quente, uma cama e garagem fechada é o suficiente.
Depois de um bom banho fui conhecer
o Museo Del Automovil e o Autodromo International. Top da galáxia, quem gosta
de estar ao meio de carros e motos se transforma em criança nesse lugar, belas
máquinas, raridades e muito luxo, uma pena não ter nenhuma moto correndo
enquanto estava lá, mas tinha um piloto de Stop Car treinando, o roço do motor
parece música nessa hora.
No térreo o salão principal, onde
capacetes originais de diferentes competidores, como Valentino Rossi, são
expostos em estojos de vidro. As roupas dos representantes argentinos do
Dakar, também estão em exibição.
No primeiro andar, a Classic Motorcycles é a atração principal, com referências como Harley Davidson, Ducati, Puma, Indian, etc., com modelos que vão de 1906 a 2013. Um bar temático com uma magnífica coleção de carros e uma vista maravilhosa do reservatório do Rio Hondo, também fica no primeiro andar.
O segundo e terceiro andar são dedicados ao setor de
palco, com uma visão única e exclusiva do circuito internacional.
A vontade era de ficar ali, mas
precisava voltar à realidade, então voltei para o hotel jantar e descansar para
o dia seguinte.
09/05/2018
Termas de Rio Hondo X
Salta
O dia nem havia clareado e já
estava seguindo para Salta, via Tafí Del Valle e Cafayate. No primeiro
planejamento do roteiro seria pelo RN16 mas muitos amigos e até mesmo em
pesquisas pelo Facebook recebi a indicação de ir por essa região que foi a
melhor escolha pelas belas paisagens, pelo chaco seria um retão só, para quem
tiver um ou dois dias a mais na viagem recomendo fazer o roteiro que fiz, vale
a pena.
Antes de chegar a Tafí Del Valle
tem uma subida em meio a Reserva Provincial Los Sosa com muitas curvas em meio à
mata, estrada encantadora onde você vai andar muito devagar devido às subidas e
a paisagem incrível. O percurso é pavimentado, porém, estreito e a condição de
seu pavimento tem setores bastante articulados, pouca sinalização e algum
tráfego.
Em meio à subida você vai
encontrar a figura do Monumento ao Índio, obra do artista tucumano Juan
Carlos Iramain. Este lugar é um albergue, onde podemos comprar artesanato,
têxteis e produtos regionais, um pouco de comida para passar e a foto de
recordação inevitável do monumento, cercado por densa floresta verde.
O mais incrível acontece e do
nada você sai da mata verde para o deserto. Sim, é muito interessante, em
questão de poucos quilômetros antes de chegar a La Angostura o que era verde
passa a ser terra, pedras e uma vegetação rasteira, em poucos minutos encontra-se
Tafí Del Vale que está localizada praticamente no centro do belo vale de
Tafí.
Parei fazer algumas fotos, abastecer a moto e comer algo. Seguindo pela
estrada, mais paisagens incríveis, muitos cactos.
Já na RN40 a uns 3 quilômetros ao
norte está a entrada para as Ruinas de Quilmes. As ruínas de Quilmes, como são
conhecidas, pertenciam aos indígenas Calchaquí que se estabeleceram
nas encostas e na cordilheira chamada Calchaquí, de onde as tribos
receberam o nome.
Nessa visita você poderá ver o museu com equipamentos,
ferramentas, armas, poderá ouvir toda a história, ao sair do museu seguirá até
as ruínas, e se tiver tempo suba até o topo da montanha, aposto que a vista
será demais.
Saindo de Quilmes segui para
Cafayate, pelo caminho muitos parreirais de uvas, abastecimento e um lanhe na
cidade. A estrada até Salta segue através da Quebrada de Cafayate, uma paisagem
selvagem de arenito multicolorido e formações rochosas
sobrenaturais. Esculpido pelo Rio de las Conchas, os estratos sedimentares
torcidos do cânion exibem uma impressionante variedade de tons, desde o
vermelho ao verde.
Chegando a Salta conversei com o
André e o Paulo que ainda estavam em Salta, mandaram a localização e fui
encontrar com eles. O hotel ficou para a próxima, estávamos nós juntos
novamente, desta vez na casa de Tavo, mais um amigo que o motociclismo
proporcionou. Noite top, o pai de Tavo, Sr. Hector, assou um cordeiro no
forno de graveto para a janta, algumas cervejas e muitas histórias.
Durante as conversas mudança nos meus planos, eles seguiriam até San Pedro de Atacama pelo Paso Jama e eu pelo Paso Sico. Com as informações e dicas de Tavo e seu pai, referente as dificuldade no Paso Sico por se tratar de estrada de terra e também pelo convite feio por André e Paulo, resolvi seguir com eles no dia seguinte. Ao novo amigo Tavo e sua família meu muito obrigado pela acolhida em sua casa.
Durante as conversas mudança nos meus planos, eles seguiriam até San Pedro de Atacama pelo Paso Jama e eu pelo Paso Sico. Com as informações e dicas de Tavo e seu pai, referente as dificuldade no Paso Sico por se tratar de estrada de terra e também pelo convite feio por André e Paulo, resolvi seguir com eles no dia seguinte. Ao novo amigo Tavo e sua família meu muito obrigado pela acolhida em sua casa.
10/05/2018
Salta X Susques
Amanheceu um belo dia em Salta,
despedida de Tavo e família, e assim que Marcos que é irmão gêmeo do André, sua
esposa Mariane, Preto e sua esposa Dani chegaram do hotel que estavam hospedados
pegamos nossas motos e seguimos viagem, a primeira intenção era o caminho pela
RN9, mas por um pequeno descuido do André acabamos fazendo outro, amigos já
haviam me falado que a Ruta 9 é muito linda, pelas paisagens e suas curvas... Depois de San Salvador de Jujuy paramos em um Mirador (mirante) para fazer
algumas fotos, nossa próxima parada foi em Tilcara, 22 quilômetros para frente
da entrada de Purmamarca, fomos até lá abastecer as motos, almoçar e conhecer a
cidade. Retornamos e paramos para conhecer Purmamarca, andamos pelo comércio
local, fizemos fotos pelas ruas e compras para recordações. Purmamarca é considerada
uma das cidades mais dignas de cartão postal da Argentina, localizada na
província de Jujuy, ao norte de Salta, sob as sombras do espetacular Cerro de
los Siete Colores. O cenário de colinas irregulares exibindo camadas de
vermelho, roxo, amarelo e laranja contribui para uma visão incrível.
Nosso objetivo agora era Susques.
Já na subida do Paso Jama conhecido também como Cuesta de Lipán, foi inevitável
a parada para tirar as tradicionais fotos em suas lindas curvas. Uma grandiosa
subida, cuidado que algumas curvas estavam sem asfalto, ao menos agora, pegando
a gente de surpresa, muitas pedras soltas podendo causar uma queda. Localizado
nos Andes entre o Chile e a Argentina, é a fronteira mais ao norte entre os
dois países com altitude de 4.320m acima do nível do mar. No lado chileno, a
estrada alcança uma altitude de 4.810m, fiz até uma foto do GPS. Parada
obrigatória na Salina Grande para mais fotos.
Em Susques, entramos no povoado
procurar um hotel para passar a noite que já se aproximava, cada vez mais fria.
Já no primeiro, interditado por falta de água, estavam fazendo manutenção na
rede de água da cidade, procuramos em outro e nada também. Fomos então até a
Hostería Pastos Chicos que é um hostel para frente uns 4 km, tem ali um posto
de combustível também. Organizamos nossas coisas no quarto, banho, janta e
descansar para o dia seguinte, que seria o grande dia da chegada em San Pedro
de Atacama.
11/05/2018
Susques (Argentina) X
San Pedro de Atacama (Chile)
Amanheceu e aquele frio de menos 5
graus, baah, vai ser de congelar as orelhas (risos). Motos abastecidas, nós
também com um bom desayuno, café da manhã servido pelo hostel. Após alguns
quilômetros as mãos e pés já estavam um picolé de gelados, no corpo tranqüilo
devido às roupas térmicas, à medida que seguíamos mais elevado a altitude ficava
chegando aos 4.831 como pude registrar.
Na aduana tudo tranqüilo, fizemos os trâmites
legais e continuamos a viagem, parada na divisa dos países para umas fotos,
cada vez mais próximo de realizar mais um sonho, chegar no Atacama de moto, um
já havia realizado que era chegar ao Fim
do mundo (Ushuaia) oportunidade que tive em 2013.
E a tão esperada hora chegou, mais uma conquista e muitas historias para contar, a emoção e felicidade dentro do capacete são indescritíveis.
San Pedro de Atacama é uma cidade praticamente toda voltada para o turismo, então você encontra opções de hospedagem para todos os bolsos e gostos, fiquei hospedado por 3 dias juntamente com os amigos do Rio e São Paulo no Hostal Cruz de Atacama, rua Toconao com a Caracoles, sem nada de luxo, mas pelo preço de 8.000 mil pesos por dia estava super tranqüilo. É aqui em San Pedro que estão as agências de turismo de onde saem os passeios para visitar o Deserto do Atacama, existem também diversas casas de câmbio na rua Toconao, o melhor que consegui foi na La LLamita, indicação de um Brasileiro que trabalha em San Pedro.
Bom, já tínhamos um hotel, banho
e roupas trocadas, câmbio feito, partimos almoçar e passear pelas ruas da
cidade.
A igreja é muito legal, toda rebocada com a argila exposta e seu teto
com madeira de cacto e couro de lhama, no lugar de pregos. A Igreja está na
praça, que em minha opinião é o lugar mais agradável para passar o tempo,
onde se pode descansar à sombra das inúmeras árvores que lá se encontram, no
intervalo entre um passeio e outro, a cidade tem a cor do chão onde se pisa
totalmente rústica. À noite também fomos caminhar pelas ruas e lojas, muitas
lojas, depois descansar.
12/05/2018
San Pedro de Atacama
Hoje foi o dia de ir conhecer as Lagunas
Altiplânicas, na Reserva Nacional Los Flamencos, que incluem as Lagoas
Miscanti, Miñiques acima de 4 mil metros de altitude, não é à toa que as
Lagunas do Altiplano Sul estejam entre os principais cartões-postais do
Atacama, localizada uns 115 quilômetros de San Pedro. Saí às 8 da manhã, não
contratei esse passeio, fui de moto, o próprio caminho até lá é lindo, o bom de
ir de moto foi à liberdade para parar a qualquer momento, fazer fotos e
apreciar o lugar.
A primeira parada foi na placa que marca a linha imaginária
do paralelo do Trópico de Capricórnio que fica a sudeste do Salar de Atacama,
seguindo o passeio você vai passar pelos Povoados de Toconao e Socaire. O
acesso para as lagunas é 6 quilômetros de estrada de terra/areia em bom estado
de conservação.
Para ingressar paguei 3 mil pesos
chilenos, equivalente a 18 reais no dia.
Quando chega ao topo da montanha você
já avista aquela paisagem ainda mais linda, tive muita sorte, pois não tinha
vento para transformar um magnífico espelho d’água, um espetáculo de visual e
muitas cores.
As Lagunas Altiplânicas ficam na base dos vulcões de mesmo nome, surgiram
com a erupção do vulcão Miñiques, causou o estancamento das águas que se moviam
do topo do vulcão para a sua base, formando os dois lagos na base dos
vulcões. O resultado deste fenômeno é uma das paisagens que poderão apreciar
pelas fotos, mas é claro que sugiro que façam essa viagem para conhecer
pessoalmente. Retornei para San Pedro por volta das 14 horas.
Depois de almoçar fui com o Preto
até as Termas de Puritama, fomos até lá pensando que iríamos encontrar com os
demais que haviam saído sem destino, claro que nossa intenção também era
aproveitar para conhecer o lugar e relaxar um pouco nas piscinas naturais. Para
chegar até as termas são cerca de 30 quilômetros de estrada de terra batida, estrada
ótima, na portaria perguntamos se nossos amigos estavam por lá, mas não tinha
entrado nenhuma moto segundo a recepcionista, pensamos em entrar assim mesmo,
detalhe que no sábado e domingo custa 15 mil pesos (100 reais) e durante a
semana 9 mil (50 reais), retornamos para San Pedro e ficamos passeando pelas
ruas e lojas, aproveitamos e fechamos nosso passeio aos Geysers del tatio com a
empresa Leni's Tours no valor de 15 mil pesos (100 reais) foi o mais em conta
que conseguimos e valeu a pena! Logo fomos descansar para acordar próximo às 5
horas da manhã.
13/05/2018
San Pedro de Atacama
Acordar de madrugada e com um
baita frio não é fácil, nosso passeio para os Geysers saiu às 5 horas, a
empresa contratada passou pegar na porta do hotel, demora em torno de 1 hora o
deslocamento, localizado 90 quilômetros de San Pedro, quase na divisa com a Bolívia numa altitude
acima dos 4.300 metros. Nosso guia Carlos passou as instruções em espanhol e
inglês. A entrada custou 10 mil pesos (60 reais), ou seja, entre o tour e a
entrada custaram uns 160 reais, na entrada do campo geotérmico há um
termômetro. No dia em que fomos marcava 14 graus abaixo de zero. No inverno
pode chegar a 30 graus negativos. Pensa que coisa doida estar no meio de um
vulcão.
O fenômeno começa bem cedo, mais ou menos às 6h da manhã. Enormes
fumarolas escapam através de buracos e fendas no solo. Lençóis subterrâneos de
água entram em contato com rochas quentes, provocando pequenas explosões.
Quarenta minutos após a nossa
chegada, nosso guia preparou o café da manhã, servido ali mesmo. Em seguida,
quem quiser pode ir para uma piscina termal que fica no próprio campo
geotérmico, a água brota da terra entre 40 e 50 graus é incrível. Não me
encorajei entrar na água, sem contar que pelo frio que estava de madrugada fui
com a roupa que uso para as viagens de moto, super grossa.
Seguindo nosso tour o guia parou
a van no lado da estrada, todos desceram e ele levou até umas plantas para
fazer explicações, a Llareta, planta típica do deserto utilizada para fins
medicinais. Estima-se que essa planta cresça aproximadamente 1,5 centímetros
por ano. Segundo Carlos, está protegida por estar em extinção por ser colhida
como combustível pela sua forte resina inflamável. A outra que acabei
esquecendo o nome, mas vou descobrir e atualizar a postagem é para inalar,
esmagando as folhas na mão e sentindo o cheiro dela profundamente alivia os
males da altitude, dando uma sensação de refrescância até no cérebro de tão bom
que é.
Mais adiante paramos no Vado del
Río Putana, onde podemos ver vicunãs e muitas aves locais vivendo tranquilamente,
uma linda vista da Cordilheira dos Andes e dos vulcões Putana, Curiquinca,
Colorado, Escalante e Sairécabur. O vulcão Putana é a divisa entre o Chile e a
Bolívia e é um vulcão em atividade constante, tanto que podemos observar fumaça
saindo dele.
Próxima parada foi no Pueblo de
Machuca, povoado pequeno e uma igrejinha que chama muito atenção, apesar do
ambiente todo rústico do povoado, todas as casas possuem um moderno sistema de
aquecimento solar. A principal atividade dos habitantes de Machuca é o
pastoreio de lhamas e o cuidado deles. Devido ao grande potencial turístico
estão participando das atividades com artesanato próprio do local. Além disso,
você pode experimentar alguns deliciosos espetinhos de carne de lhama, alpaca e
empanadas.
Chegamos em San Pedro por volta
de 13 horas, esse tour valeu a vinda ao Atacama, foi uma incrível experiência,
muita cultura e paisagens magníficas. Depois do almoço com o pessoal, ficamos
pela praça da cidade, pelas lojas e depois voltamos para o hotel descansar.
No final do dia fomos ver o por
do sol no Ojos del Salar, duas lagoas azuis de água doce no meio do Salar de
Atacama. Aqui os viajantes também podem tomar um banho.
Los Ojos del Salar é um
destino imperdível para quem visita o Deserto do Atacama. Cerca de 30
quilômetros ao sul de San Pedro de Atacama, ao longo da rota 23, localizada na
parte norte do Salar. As estradas são de terra/areia, mas estão em boas
condições.
14/05/2018
San Pedro de Atacama X
Copiapó
Infelizmente hoje foi dia de despedida
de San Pedro, por volta de 8 horas da manhã saímos para o primeiro destino do
dia, Antofagasta,clima não tão frio e estrada sempre ótima, viagem rendeu até
Calama, onde o maninho Paulo seguiu para Arica, nós continuamos até o próximo
posto de combustível que fica no encontro da ruta 25 com a 5 conhecida também
como estrada Panamericana do Chile, depois das motos abastecidas me
despedi dos amigos que de Antofagasta para frente seguiram para o Peru e eu para
Copiapó. Foi uma alegria compartilhar praticamente uma semana de viagem com
vocês. Paulo, Antonio e Dani de São Paulo, André, Marcos e Mariane do Rio de
Janeiro. Se a gente tivesse combinado de fazer parte dessa viagem juntos não
teria dado tão certo com deu, obrigado meus novos irmãos.
A partir daqui segui meu retorno
até em casa na companhia apenas de Deus e Nossa Senhora. Inicialmente meu
planejamento era dormir uma noite em Antofagasta, mas como cheguei bem cedo,
fui conhecer pessoalmente e claro fazer o registro fotográfico até então visto
em fotos de amigos moto viageiros a La Portada.
Esculpida pelo vento e pelo mar
durante milhares de anos, este arco, enorme, mesmo quando é visto da costa,
mostra como um enorme penhasco foi esculpido pelo vento e bravura do Oceano
Pacífico, com sua cor azul e sua espuma branca. Para chegar a este lugar, é
necessário deixar a cidade de Antofagasta em direção ao norte e, depois de
percorrer quase vinte quilômetros, acessar a área pela estrada que une as
cidades de Antofagasta e Tocopilla.
Retornei para a ruta 5 ao em vez
de seguir pela cidade, resolvi evitar o trânsito, muito movimento pela cidade, Antofagasta
além de vários atrativos e pontos turísticos é uma cidade portuária. Após andar
mais ou menos 1 hora, avisto no lado direito da estrada sentido sul do Chile a
tão falada La Mano Del Desierto, ou a mão do deserto.
Mano del Desierto é uma
obra de arte, construída em ferro, areia e cimento, fiz algumas fotos, conversei
com várias pessoas que ali estavam, inclusive uma família de brasileiros vindo
de São Paulo, aliás, brasileiro é o que não falta viajando por lá.
Às 14 horas segui viagem, no
caminho ainda estava pensando se conseguiria chegar até Copiapó, não queria
chegar à noite, complicado procurar hotel. Uma coisa que observei nas longas
retas da Panamericana é que existem muitos veículos abandonados após acidentes,
jogados a beira da pista, batido, queimados, até ônibus e caminhão tinha, não
sei se é alguma forma de conscientização ou o que, mas me senti meio
desconfortável.
Já na chegada de Chañaral muitas
montanhas com uma espécie de trilhos em tons escuros, como se fosse um caminho
de alguma espécie de animal ou inseto, bem interessante. Na cidade fui parado
pela polícia, estavam com radar móvel, apenas pediu documento da moto e minha
habilitação, em nenhum momento da viagem pediram carta verde e o Soapex.
Aproveitei que já tinha tirado as luvas e balaclava para abastecer em um posto
próximo que fui parado. Chañaral é uma pequena cidade costeira na região de
Atacama, como já era final de tarde, tive o privilégio de observar o pôr do sol
no oceano pacífico, incrível.
Chegando em Copiapó, já deixei o
tanque da moto e galão de combustível reserva cheio para o dia seguinte e fui
procurar um lugar para dormir. Uma coisa estranha que observei é que não tem
estacionamento nas ruas por lá, tive sorte nessa noite, aguardando no semáforo,
parou ao lado uma moto de viagem, uma Super Ténéré, aproveitei e pedi
informações de um hotel. Rene foi muito prestativo simplesmente pediu para
segui-lo me deixando em frete um Residencial. Após conversar um pouco e trocar
os contatos com ele guardei a moto, tomei banho e fui jantar em um restaurante
ao lado, depois retornei descansar para seguir viagem na manhã seguinte.
15/05/2018
Copiapó (Chile) X
Aimogasta (Argentina)
Acordei cedo, arrumei as coisas
na moto e acelerei para o Paso San Francisco, optei por esse caminho devido
estar sozinho, com a moto mais leve, afinal seriam mais de 200 quilômetros de
estrada de terra, e 470 quilômetros sem posto de combustível. Muitos amigos
haviam me dito que esse Paso era muito bonito, o que tive o prazer de conferir
pessoalmente nessa viagem. O Paso de San Francisco interliga as cidades
de Copiapó, no Chile, à cidade de Fiambalá, na Argentina, altitude
acima dos 4.700 metros, não tive problemas tendo em vista que meu organismo já
estava acostumado por ter ficado bastante tempo entre 2 e 4 mil metros de
altitude.
Logo nos primeiros quilômetros o
cenário muda completamente, a civilização desaparece dando lugar para paisagens
e montanhas imensas da Cordilheira dos Andes, sempre andando bem devagar para
contemplar a paisagem, subindo ininterruptamente.
Pelo caminho já acima dos 4
mil metros, bastante neve pelas montanhas e na lateral da estrada, ao lado da
aduna chilena o Salar de Maricunga, expondo sua beleza. Trâmites de saída do
Chile ok, seguindo agora pelo caminho asfaltado, cerca de uns 80 a 90
quilômetros onde se termina dando lugar novamente para o Ripio. Agora um pouco
ruim, com muita pedra solta e costeletas de vacas (ondulações), sem contar com
os bancos de areia que vão se formando com a passagem de carros ou com o
próprio vento.
Ainda no lado chileno,
encontra-se, se não a mais bonita, uma das mais bonitas lagunas
altiplânicas de toda a Cordilheira dos Andes, a Laguna Verde. Além de sua
beleza cênica, o que mais impressionou foi ver uma laguna tão magnífica e
nenhum turista, tirando eu é claro. Senti-me uma formiga perto de um elefante
nesse lugar, aqui sim você consegue sentir o quanto somos pequenos em meio
tantas montanhas e vulcões.
O mais impressionante foi que ao
cruzar o limite de fronteira do Chile para Argentina a paisagem mudou
completamente novamente. Parece que a natureza identifica os limites
fronteiriços e cria cenários distintos de um lado e do outro. No lado Argentino
predominam as Punas, a vegetação rasteira característica dos altiplanos
andinos, parece um tapete amarelo revestindo as montanhas.
Após fazer a
entrada na aduana argentina, consegui mais 5 litros de gasolina com um senhor
que tem uns galões de 200 litros para vender, basta pedir para o guarda que ele
chama o senhor.
No lado chileno a gente só sobe
as montanhas, já no lado argentino as descidas eram intermináveis, com muitos
animais que praticamente ficam camuflados em meio às punas. Antes de chegar à
cidade de Fiambalá, a aproximadamente 1.500 metros acima do nível do mar, a
estrada passa por dentro de vales, parecendo um desfiladeiro, visão incrível.
No meio do caminho coloquei a gasolina reserva, foi tranqüilo abastecer, acabou
em um lugar aberto e o vento não ajudou muito, sorte que esse galão tem a
ponteira apropriada para colocar dentro do tanque, tudo certo e a viagem segue.
Em Fiambalá fiz um lanche no
posto, completei o tanque de combustível e continuei até Aimogasta. Queria ir
até La Rioja, mas demorei muito para atravessar o San Francisco, a estrada é
muito bonita se faz muitas paradas para tirar fotos e observar a paisagem, sem
contar que a maior parte é sem asfalto. Aqui também tive o auxilio de um senhor
para indicação de um lugar para passar a noite. Estava eu na conveniência do
posto, chega esse senhor de nome Eduardo
e fala: “muy hermosa la moto!” E começamos conversar até que ele fala que tem
uma Africa Twin 2017 com câmbio automático, assim a conversa fluiu ainda mais. Assim como o Rene me deixou na porta de um
hotel, indicou melhor caminho para Córdoba e nos despedimos. Como o dia foi
cansativo tomei um banho, bebi uma cerveja, conversei com a família e fui
dormir.
16/05/2018
Aimogasta X Santa Fé
Vocês devem estar pensando, mas
está de moto ou avião para andar tanto assim em um dia... (risos). Eu ficaria
pela argentina até sábado, mas consegui ganhar tempo nos últimos 2 dias, graça as
ótimas estradas e trechos sem muitas paradas. Queria chegar ao Rio Grande do
Sul a tempo de passar no encontro de motos organizado pelo moto grupo Bicho
Véio de Soledade.
Segui o caminho indicado pelo
Eduardo, RN38 onde pude passar por uma bela estrada, no Valle Hermoso entrei à
esquerda seguindo pelo Camino Del Cuadrado, uma serrinha toda curvada, com uma
bela visão da Reserva Municipal Hidrica Recreativa Natural Los Quebrachitos.
Esse caminho além de bonito desvia toda a grandiosa cidade de Córdoba. Já na
RN19 sentido Santa Fé minha moto arredondou seus 80 mil quilômetros, isso desde
setembro de 2012 quando comprei-a nova, a branquinha segue firme e forte. Em
Santa Fé procurando por um hotel um taxista perguntou se eu estava perdido,
expliquei que procurava algo para passar a noite, nada muito caro. Interessante
como nossos hermanos são prestativos, o cara disse para seguir ele, parando na
porta de um hotel, entreguei um adesivo meu para ele e fui fazer o check-in.
Depois de arrumar as coisas no quarto, fui regular a corrente que estava um
pouco frouxa e também lubrificar para o dia seguinte. Comprei algo para comer, depois
de tomar um banho relaxante e conversar
com a família, programei o despertador e desmaiei.
17/05/2018
Santa Fé (Argentina) X
Ijuí (Brasil)
Hoje acordei mais tarde, já
estava próximo dos 650 quilômetros do Brasil. Saí quase 9 horas do hotel e fui
sentido ao Túnel Subfluvial que liga as cidades de Santa Fé e Paraná.
O túnel
tem um comprimento superior aos 2 quilômetros, com as rampas de acesso dá um
total aproximado de 3.500 metros, uma sensação muito estranha trafegar por ele,
em vez de uma ponte por cima do rio você passa por baixo dele. Sentindo Federal
pela RN127 fui parado em um posto de controle da polícia, pensei comigo, pronto
lá vem as propinas, um amigo tinha me alertado de não ir pela 127 que eram bem
chatos, mas fiz a viagem toda com a câmera Gopro no capacete, isso ajuda
bastante pois pensam que a gente pode estar filmando, o guarda me olhou, pediu
de onde estava vindo e mandou seguir viagem, nem os documento pediu. Quanto
essa rodovia, foi a pior que andei em toda Argentina e Chile, não tem muitos buracos,
mas é cheia de ondulações.
Em Santo Tomé, já na aduana, fiz
câmbio dos pesos que sobraram e os trâmites de saída da Argentina sem muita
burocracia, tudo muito rápido. Quando passei São Borja e entrei na BR285
realmente cheguei no Brasil... (risos). Ooh estradinha complicada para andar.
Pior que a gente acaba acostumando andar em ótimas estradas, admiro muito as do
Chile e Argentina, todas em perfeitas condições.
Cheguei à casa dos amigos Gisa
e Amauri próximo às 19 horas. Bebemos umas 3 garrafas de vinho comendo pizza e
conversando, muito assunto para por em dia.
18/05/2018
Ijuí X Soledade
E a sexta-feira amanhece chuvosa,
e bota chuva nisso, Gisa e Amauri foram trabalhar, aproveitei para descansar,
dormi quase até meio dia, (risos). Será que dorme? Depois do almoço fiquei
junto com eles na loja até final da tarde, choveu o dia todo. Ainda com chuva,
já era noite, fomos juntos para Soledade prestigiar a festa do Bicho Véio.
Na recepção vários amigos, esse
encontro de moto é o único evento aberto ao público que tenho participado nos
últimos anos, motivo pelo qual reencontro muitos amigos de todos os estados do
Brasil e até mesmo dos países vizinhos. Noite adentro várias bandas fazendo
suas apresentações, uma ótima infra-estrutura no Parque de Eventos Centenário
Rui Ortiz.
19/05/2018
Soledade
Apesar de ir dormir depois das 4
horas da manhã o sábado começou cedo, como fiquei na casa dos amigos Deise e
Piti, umas 9 horas já estava no evento. Afinal, eles estão sempre envolvidos na
organização, aproveitei para fazer registros fotográficos para o encontro,
também ajudando na entrega dos troféus aos motos grupos escritos. Este ano a
chuva atrapalhou um pouco, mas a festa foi um sucesso como todos os anos. Como
falei anteriormente, nesse evento encontro muitos amigos, inclusive encontrei
com o argentino Marcos e sua esposa que me receberam em Presidencia Roque Saenz
Peña. Também com outros amigos até então virtuais, que mantenho contato pelo
Facebook.
20/05/2018
Soledade X Capinzal
E hoje é chegada a hora, após 15
dias de viagem, saí de Soledade depois das 14 horas, e com 7.058 quilômetros
rodados cheguei em casa final da tarde.
Primeiramente gostaria de
agradecer Deus e Nossa Senhora pela proteção e oportunidade de realizar mais um
sonho. Agradecer também toda minha família e amigos pelas energias positivas
para que tudo desse certo.
Mais fotos serão postadas na Fanpage: Lovatel Moto Viagens.
Muito obrigado!!
8 comentários:
Muito bom Lovatel !
Um excelente relato que, certamente, contribui aos pretendentes de algo similar.
Parabéns, show! Abraço
Parabéns maninho ppr mais essa conquista!! Moto abraço!
Parabéns meu amigo Lovatel!, ler seu relato é como estar na sua garupa durante este lindo passeio. Valeu grande abraço!!!
Show de bola... inspiração para a próxima viagem!!! Abraço
Valeu Lovatel.
Esse roteiro é realmente muito bonito.
Parabéns pela viagem que, pelo relato, foi só alegria.
Um abraço!
Muito obrigado pessoal. Foi uma viagem sensacional, tudo dentro do planejado. Lugares maravilhosos, muita história e cultura em poucos dias. Mato a pau. Abraços.
Parabéns.. Q viagem boa!
Certamente, uma inspiração pra mim e para outros amantes das duas rodas!
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